Durante anos, o mundo corporativo foi bombardeado pelo termo “transformação digital” como um mantra. CEOs, líderes e consultorias repetiram incessantemente que adotar tecnologia digital era a resposta para todos os desafios dos negócios. E, de fato, o digital cumpriu o que prometeu: conectou pessoas, criou mercados e eliminou barreiras físicas e operacionais que pareciam intransponíveis há duas décadas.
Mas agora, é hora de admitir algo fundamental: a transformação digital acabou. Como todo movimento, ela teve seu começo, meio e fim, e em muitos casos, parou de entregar valor.Não porque a tecnologia perdeu relevância, mas porque “transformar-se” deixou de ser o que realmente importa. Para as empresas, o problema já não é se estarão no ambiente digital ou não. Isso é passado. A questão agora é: como você performa nesse ambiente?
Segundo o IDC, em 2025, cerca de 65% da economia global será digitalizada, com a enorme maioria das empresas operando em ambientes altamente conectados por APIs, plataformas na nuvem, métodos ágeis e inteligência artificial. Em números, isso significa que já não há mais nada de “novo” ou “transformador” em ser digital.
O que realmente vimos nos últimos anos foi uma corrida para adotar o digital sem o devido foco na entrega de valor consistente e sustentável. Consultorias e provedores embarcaram milhões de dólares em projetos de “transformação”, enquanto abandonava sistemas ineficazes, empresas incapazes de medir ou monetizar suas melhorias e organizações que acreditavam que passar um sistema para a nuvem seria a solução definitiva.
Quando o Gartner afirma que 70% das iniciativas digitais falham em entregar os benefícios prometidos para o negócio, fica claro que o problema mais urgente não está na tecnologia, mas em sua gestão e entrega estratégica.
Declarar que a transformação digital acabou não é uma provocação. É um convite à realidade. Empresas estão gastando milhões com consultorias que vendem eternos “roadmaps de transformação” enquanto esquecem que o que importa hoje é ser eficiente no ambiente digital já construído. Prolongar artificialmente o discurso da transformação digital beneficia apenas quem lucra com isso, não o cliente, nem o consumidor final.
O novo foco precisa ser claro: performance como diferencial competitivo. A mágica já não está mais em levar processos para o digital, mas em garantir alta eficiência, redução de custos e maximização de resultados dentro desse ambiente digital.
Isso exige uma mudança de mentalidade profunda. Não precisamos mais de empresas obcecadas em modernizar sua fachada ou criar “projetos de transformação plurianual”. Precisamos de organizações que saibam responder perguntas simples, mas poderosas: Quanto tempo leva para o cliente concluir sua jornada digital, seja uma compra, um cadastro, uma interação? Qual é o impacto financeiro de 1 segundo a mais no tempo de carregamento do meu aplicativo? Estou extraindo o máximo valor, seja ele, operacional, financeiro ou estratégico dos recursos e tecnologias que já possuo?
A transição para a era da performance é inevitável, mas ela precisa ser feita com responsabilidade. O foco é o cliente e a evolução contínua. O cliente de hoje já vive em um mundo digital, ele não espera ser surpreendido por uma loja online ou um app funcional, porque isso já é o básico. O que ele quer são experiências rápidas, intuitivas e consistentes. Ele espera que todo milissegundo seja usado para gerar valor, e não para carregamentos intermináveis ou problemas inesperados.
No fim das contas, o mercado recompensará quem atende a essas expectativas com consistência. E consistência exige performance, dados acionáveis e métricas claras.Então, não se perguntem “onde estamos no nosso processo de transformação digital.” Em vez disso, pergunte-se: estamos performando no nível necessário para sobreviver nos próximos anos?





